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Notícia

Menos de 5% dos trabalhadores negros têm cargos de gerência ou diretoria, aponta pesquisa

Maioria dos pretos e pardos têm posições operacionais e técnicas, segundo levantamento do Vagas.com.

Os trabalhadores negros têm participação reduzida em cargos de suporte, média e alta gestão. É o que mostra levantamento da Vagas.com, empresa de soluções tecnológicas de recrutamento e seleção.

De acordo com o levantamento, a maioria dos pretos e pardos ocupam posições operacionais (47,6%) e técnicas (11,4%) – percentuais superiores aos relatados por brancos, indígenas e amarelos.

Já uma minoria entre os negros relata ocupar cargos de diretoria, supervisão/coordenação e de senioridade, de alta e média gestão: apenas 0,7% têm cargos de diretoria, enquanto entre brancos, indígenas e amarelos, essa proporção é de 2%.

Entre os brancos, a participação nos cargos operacionais é de 35% – a menor verificada na pesquisa. Por outro lado, têm o maior percentual entre os que declaram ter cargos plenos, sêniores e de gerência, além de estágio. Já os amarelos têm a maior taxa entre os que declaram possuir cargos de supervisão/coordenação e trainee. Veja abaixo:

Participação em cargos  — Foto: Economia/G1

Participação em cargos — Foto: Economia/G1

“São dados extremamente alarmantes e que comprovam a clara presença do racismo no mercado de trabalho. Os números mostram que esse público é totalmente discriminado, tendo mais espaço em cargos operacionais", aponta Renan Batistela, integrante do comitê de Diversidade & Inclusão da Vagas.com.

"Essa discrepância fica ainda mais notória quando analisamos o nível de graduação de todas as raças, comprovando que há uma clara distinção de oportunidades para os negros, especialmente em posições de suporte e gestão”, completa.

Em relação à escolaridade, a participação dos negros que declaram ter nível superior se aproxima dos brancos e amarelos e supera os dois grupos com ensino médio, profissionalizante e fundamental. Esses dados reforçam a discriminação no mercado de trabalho. Já no caso da pós-graduação, apenas 8,8% declaram ter esse grau de instrução – a menor participação entre todos os grupos. Veja abaixo:

Participação por grau de instrução — Foto: Economia/G1

“Detectamos que há um racismo estrutural, um racismo velado e que acaba prejudicando a justa inserção da população negra no mercado de trabalho”, critica Batistela.

Candidato pode fazer declaração racial

O levantamento foi realizado em agosto considerando o nível de cargo cadastrado pelos usuários da Vagas.com.br e que preencheram o campo de declaração racial, ferramenta disponível na plataforma desde abril para tornar os processos seletivos mais inclusivos.

As empresas interessadas têm de assinar um termo de responsabilidade para utilizar essa informação em seus processos seletivos. Já os candidatos precisam preencher o campo de autodeclaração no currículo da plataforma.

"Antes as empresas só descobriam a ausência ou baixa participação de profissionais negros no momento das entrevistas e raramente reiniciavam as etapas anteriores para corrigir o erro. Além disso, para aquelas companhias interessadas em criar processos afirmativamente inclusivos, surgia a dúvida: mas onde encontro essas pessoas?", comenta Renan Batistela.

O preenchimento das informações não é obrigatório, mas esse dado permite que as empresas signatárias do termo de responsabilidade possam utilizá-lo em seus processos seletivos com o intuito de promover a inclusão racial.

A partir da coleta da autodeclaração não obrigatória no currículo dos candidatos do Vagas.com.br e a disponibilidade de um critério de triagem de raça na plataforma de recrutamento, as empresas conseguem identificar exatamente quem estão movendo de uma fase para outra.

Desde que o recurso foi ao ar, 12 empresas assinaram o termo, enquanto outras nove estão em processo de adesão. Já os candidatos que preencheram a autodeclaração já ultrapassaram a marca de 200 mil. Desse total, 52,4% são negros (16,3% de pretos e 36,1% de pardos), 43,3% são brancos, 1,8% são amarelos, 0,2% são indígenas e 2,2% preferiram não responder.